domingo, 19 de setembro de 2021

Sequência Didática - A narrativa pessoal como forma de expressão emocional " Uma proposta para trabalhar a escrita com o gênero diário".

SEQUÊNCIA DIDÁTICA -  GÊNERO DIÁRIO 

A narrativa pessoal como forma de expressão emocional - uma proposta para trabalhar a escrita com o gênero diário

 PÚBLICO-ALVO 

Alunos do 9º do Ensino Fundamental.

OBJETIVO GERAL 

Reconhecer nas páginas de diário a arte de escrever como forma de expressar emoções e sentimentos vivenciados. 

OBJETIVO ESPECÍFICOS

• Desenvolver o gosto pela escrita através de estudo, análise e compreensão do gênero diário;

 • Comparar a escrita em páginas de diário com outros gêneros para assim perceber o que diferencia o diário de outros textos; 

• Identificar as características do gênero diário, tais como a finalidade, a estrutura e os aspectos da vida humana que podem instigar a escrita de um diário; 

• Identificar formas pronominais e verbais que caracterizam a escrita narrativa em primeira pessoa; • Compreender o caráter intimista da escrita em diários e o caráter público da escrita em ‘blogs’; 

• Desenvolver a escrita em páginas de diário. 

AVALIAÇÃO:

Propõe-se para esta sequência didática uma avaliação processual que acontecerá através de observação e de conversas realizadas durante as atividades de discussão e de escrita.

Introdução

 Apresentação do gênero diário e produção inicial 

Planejamento

Conteúdos 

•Apresentação das obras O diário de Anne Frank e Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus; 

•Leitura de página de diário para que os alunos identifiquem na sua estrutura a escrita pessoal como expressão emocional; 

•Discussão sobre os elementos constitutivos do gênero diário (data, vocativo, entrada e tema); 

•Produção textual individual de uma página de diário; 

•Discussão sobre a destinação das páginas de diários que foram produzidas. 

Objetivos

 • Apresentar aos alunos os diários a fim de que conheçam suas principais funções: expressão e deliberação como manifestação de sentimentos e emoções;

 • Orientar a produção de uma página de diário que pode ser, neste momento inicial, uma ideia substanciada;

 • Avaliar as habilidades e as dificuldades dos alunos para a produção escrita do gênero proposto. 

Duração  2 aulas de 55 minutos.

Recursos  Data show, folhas de papel, lápis, canetas de cores variadas e os livros Diário de Anne Frank e Quarto de despejo: diário de uma favelada.

Avaliação Os textos produzidos serão avaliados com o propósito de contribuir para o desenvolvimento da proposta de intervenção didática.

Como desenvolver?

Na apresentação da situação inicial será exposto aos alunos o gênero diário. Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) ressaltam que essa parte introdutória proporciona aos estudantes as informações essenciais para que entendam o projeto comunicativo proposto e a aprendizagem de linguagem à qual está vinculada. No projeto inicial de escrita não se deve exigir do aluno uma produção completa, mas, sim, uma versão escrita simplificada, pois, na realidade, trata-se do primeiro contato dele com o gênero diário. 

1ª aula

Atividade 1: apresentação das imagens das capas das obras O diário de Anne Frank e Quarto de despejo: diário de uma favelada de Carolina Maria de Jesus, bem como a leitura de um breve texto das autoras, fazem parte deste primeiro momento e servem como estímulo para este contato inicial com o gênero diário.

No auge da Segunda Guerra Mundial uma garota ganha em seu aniversário de 13 anos um caderno de autógrafos. Tinha um fecho, capa dura de tecido xadrez vermelho e branco. O nome da garota era Anne Frank e ela gostava muito de escrever. Por isso, transforma o caderno em um diário. Menos de um mês depois, Anne, a irmã Margot e os pais vão para um esconderijo secreto, onde passam mais de dois anos, com outras quatro pessoas, para não serem enviadas para um campo de concentração. Os nazistas acharam o esconderijo e o grupo não escapou ao holocausto. Anne, que era judia, morreu pouco antes de fazer 16 anos. Porém, o diário onde foram narrados os momentos sobre a vida de Anne Frank e os acontecimentos vivenciados no anexo secreto sobreviveu ao tempo. Foi publicado pela primeira vez em 1947 e se tornou um dos livros mais lidos do mundo, traduzido para mais de 60 idiomas.

Intitulado de “Literatura e a fome”, o trecho de Jesus (2014, p. 194) a seguir, resume a história de vida da escritora e catadora de papel Carolina Maria de Jesus: Ao escrever um diário Carolina Maria de Jesus acabou por traçar um painel da luta dos moradores da favela pela sobrevivência. Mais do que isso, com sua linguagem simples e objetiva, a que os erros gramaticais apenas conferem maior realismo, atingiu momentos de grande lirismo e força expressiva, inscrevendo-se, sem sombra de dúvida, na história da literatura brasileira. Carolina Maria de Jesus nasceu em Minas Gerais, por volta de 1914. Foi empregada doméstica em São Paulo, onde, mais tarde, passou a catar papel e outros tipos de lixo para sobreviver. Em reportagem sobre a favela do Canindé, onde vivia Carolina, o repórter Audálio Dantas a conheceu e descobriu que ela escrevia um diário. Surpreso com a força do texto, o jornalista mostrou-o a um editor. Uma vez publicado, o livro trouxe fama e algum dinheiro para Carolina, mas não o bastante para escapar à pobreza. Quase esquecida pelo público e pela imprensa, a escritora morreu em um pequeno sítio na periferia de São Paulo, em 13 de fevereiro de 1977. 

2ª aula 

Atividade 1: O exercício seguinte é a apresentação de uma página de diário da obra O diário de Anne Frank para os estudantes através de roda de leitura na biblioteca. Este momento proporciona aos alunos o primeiro contato com a escrita narrativa em diários.

Atividade 2: após a leitura, os alunos devem ser convidados a participar de um momento de discussão sobre o assunto abordado por Anne na página de diário lida, ressaltando a entrada (primeiro parágrafo) em que a narradora expõe seus motivos para escrever; também, nesse momento, o professor deve instigar a atenção dos alunos para que observem a estrutura textual e como ela se apresenta em uma página de diário. Dessa forma, eles perceberão que a data está centralizada, que existe uma divisão do texto em parágrafos e que a narradora escolhe um destinatário fictício.

Atividade 3: O professor deve convidar os alunos a produzirem uma página de diário a partir dos conhecimentos advindos da leitura e discussão realizada na biblioteca. De acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), essa primeira produção é igualmente o primeiro lugar de aprendizagem na sequência, pois constitui, nas ‘práxis’, um momento de tomada de consciência do gênero estudado.

Atividade 4: para finalizar, o professor deve propor uma reflexão sobre qual será, a princípio, a destinação das páginas de diário produzidas pelos alunos neste momento inicial. 

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